Indiciamento do sertanejo veio a partir de investigações da Polícia Civil de Pernambuco, com a Operação Integration, que tem 53 alvos no país.
Indiciado em 15 de setembro pela Polícia Civil de Pernambuco, Gusttavo Lima é suspeito de cometer os crimes de lavagem de dinheiro e de organização criminosa.
A defesa do cantor nega. Agora, cabe ao Ministério Público decidir se denuncia ou não Gusttavo à Justiça.
O indiciamento do sertanejo veio a partir de investigações da Polícia Civil de Pernambuco, com a Operação Integration, que tem 53 alvos no país — incluindo a influenciadora digital Deolane Bezerra, bicheiros e empresários.
A seguir, veja alguns dos pontos da investigação que levou ao indiciamento e o que diz o cantor sobre eles. Gusttavo Lima é indiciado por lavagem de dinheiro e organização criminosa em investigação sobre jogos ilegais Cofre com R$ 150 mil Um cofre milionário com dinheiro vivo (notas de dólares, euros e reais): foi o que a polícia encontrou na sede da Balada Eventos e Produções, empresa de shows de Gusttavo Lima localizada em Goiânia (GO).
Os investigadores apreenderam ali cerca de R$ 150 mil.
A polícia considera isso como um indício de lavagem de dinheiro.
A defesa de Gusttavo Lima diz que o dinheiro no cofre era para pagamento de fornecedores.
R$ 8 milhões em notas sequenciais A polícia encontrou ainda 18 notas fiscais sequenciais, emitidas no mesmo dia e em valores fracionados por outra empresa do cantor, a GSA Empreendimentos.
Essas notas totalizavam mais de R$ 8 milhões pelo uso de imagem e voz do cantor e eram emitidas para a PIX365 Soluções (Vai de Bet, de acordo com a polícia), também investigada no esquema.
A polícia avalia que esse seria outro indício de lavagem de dinheiro. A defesa do cantor alega que os valores foram declarados, e os impostos, pagos.
Já a defesa de José André da Rocha Neto (o responsável pela PIX365) diz que as notas sequenciais emitidas à empresa de Gusttavo Lima são pela prestação de serviço do cantor à Vai de Bet. Os aviões Outro ponto que levou ao indiciamento do cantor é a suspeita de que ele participou de uma negociação irregular com empresários ligados a jogos ilegais.
Isso porque, entre os anos de 2023 e 2024, um avião da Balada Eventos foi vendido duas vezes para investigados na operação — por US$ 6 milhões e R$ 33 milhões, respectivamente. A primeira compra foi feita pela Sports Entretenimento, que pertence a Darwin Henrique da Silva Filho, pernambucano que, segundo a polícia, é de uma família de bicheiros do Recife.
Ele se desfez do avião dois meses após a compra, alegando problemas técnicos. A polícia identificou que tanto o contrato quanto distrato foram emitidos no mesmo dia, 25 de maio de 2023.
E que o laudo — que apontou a falha mecânica — foi em 29 de junho daquele ano. O mesmo avião voltou a ser vendido no ano seguinte.
Dessa vez, quem comprou foi a J.M.J Participações, do empresário José André da Rocha Neto, que também é alvo da operação.
De acordo com a polícia, a segunda venda foi realizada sem que nenhum laudo comprovasse o reparo no avião.
Além disso, a transação envolveu um helicóptero que também era da empresa de Gusttavo Lima e já tinha sido comprado por outra empresa de Rocha Neto.
Na negociação, o helicóptero voltou para o cantor.
As duas vendas, segundo a investigação, usaram dinheiro legal e dinheiro ilegal.
Segundo o inquérito, o esquema funcionava assim: O dinheiro do jogo do bicho, de jogos de azar e de bets legalizadas iam todos para um mesmo caixa; Lá, os valores lícitos eram misturados aos do crime; Para dar aparência legal e voltar ao mercado limpo, o dinheiro contaminado, segundo a polícia, foi usado na negociação das aeronaves. “É uma forma de lavagem transitar o dinheiro através de várias pessoas físicas ou jurídicas, buscando não facilitar o rastreamento deles”, diz Renato Rocha, delegado geral da Polícia de Pernambuco. A defesa de Gusttavo Lima diz que os contratos foram feitos em nome das empresas com os seus representantes legais, o que afastaria a possibilidade de lavagem de dinheiro.
Também alega que a análise dos policiais apresenta “falhas ao não considerar a data digital do distrato da compra de uma das aeronaves”.
Também afirmou que os registros de compra e venda das aeronaves — nas negociações com Darwin e com Rocha Neto — foram feitos sem ocultação ou dissimulação, e os pagamentos, em contas bancárias normais. A defesa de Rocha Neto alega que ele usou o helicóptero como parte de pagamento do jatinho da Balada Eventos.
Darwin Filho nega ter relação com o jogo do bicho.
E quanto ao cancelamento da compra do avião do cantor sertanejo, ele disse que a transação foi lícita e regular.
Segundo ele, a própria quebra de sigilo bancário confirma as informações prestadas. Por meio dos advogados, Gusttavo Lima negou conhecer Darwin Filho.
Vai de Bet Em julho deste ano, Gusttavo Lima virou, segundo o inquérito, sócio da marca Vai de Bet.
A empresa é uma das investigadas na operação. Rocha Neto afirma que seu primeiro contato com Gusttavo Lima foi para tê-lo como embaixador da Vai de Bet.
Diz também que o sertanejo tem direto a 25% da marca, mas que nunca foi sócio e jamais participou da administração.
Os investigadores dizem ter encontrado um documento que mostra que, em fevereiro de 2024, Gusttavo se tornou sócio com participação de 25%, mas suspeitam que ele seja uma espécie de dono oculto da empresa há muito mais tempo.
Isso porque, no final de 2023, a Vai de Bet fechou um patrocínio milionário com o Corinthians que acabou virando alvo de outra investigação em São Paulo. Em depoimento à polícia, um conselheiro do clube contou que o presidente do Corinthians falou por telefone com Gusttavo Lima e que o presidente afirmou — já naquela época — que o cantor era um dos donos da Vai de Bet. “Em um dos depoimentos das testemunhas ouvidas no caso da subtração de valores do Corinthians, é mencionado que, no momento da assinatura do contrato, foi informada essa testemunha por parte do presidente do Corinthians, que a Vai de Bet teria como um dos sócios o Gustavo Lima”, afirma Juliano Carvalho, promotor de Justiça do Gaeco. A defesa do cantor afirma que ele não é sócio da Vai de Bet e alega que o contrato encontrado pela polícia indica que ele tem 25% de eventual venda da marca.
Também diz que o contrato com a PIX365 tinha cláusula anticorrupção e foi suspenso.
O Corinthians diz que o caso está na Justiça e que o clube não trata mais de questões ligadas a essa empresa. Viagem para a Grécia José André da Rocha Neto – dono da empresa que comprou o avião de Gusttavo Lima pela 2ª vez – e a mulher dele, Aissla, são empresários da Paraíba e investigados na operação.
Os dois têm uma incompatibilidade entre o rendimento declarado à Receita Federal e a quantia que eles movimentaram nos últimos anos. O casal José e Aissla tem muitas empresas — e três são investigadas por lavagem de dinheiro.
Elas são: J.M.J Participações, a mesma que comprou o avião da empresa de Gusttavo Lima; Supreme Marketing e Publicidade, que comprou o helicóptero do cantor; PIX365 Soluções, empresa que, segundo a polícia, é a Vai de Bet, e tem Gusttavo Lima como garoto-propaganda.
No dia em que a operação foi deflagrada, no começo de setembro, o cantor foi intimado a depor.
Rocha Neto e a mulher estavam com prisão decretada.
Os bens e contas bancárias dos três foram bloqueados.
Gusttavo Lima estava na Grécia gravando músicas novas e sucessos antigos.
Ele tinha escolhido um iate luxuoso para comemorar com amigos seu aniversário de 35 anos.
Rocha Neto e Aissla estavam lá.
O cantor negou ter relação de intimidade com o casal.
Segundo a polícia, na ida para a Grécia, o casal pegou carona no avião do cantor.
Já no retorno ao Brasil, Gusttavo chegou sem eles.
A suspeita é de que o casal — então foragido — teria desembarcado antes, na Espanha.
Foi a suposta ajuda a foragidos que motivou a decretação da prisão de Gusttavo Lima, em 16 de setembro.
A decisão caiu, em segunda instância, menos de 24 horas depois.
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