Grandes volumes de chuva causaram transtornos com ruas alagadas e deslizamentos de barreira, deixando mais de 100 desalojados no estado.
Chuvas fortes fizeram canais transbordarem e deixaram ruas e avenidas alagadas no Grande Recife Reprodução/TV Globo Nos últimos dias, Recife e outras cidades pernambucanas registraram grandes volumes de chuva que causaram inundações, deslizamentos de terra e desabamentos de casas.
Sete pessoas morreram e mais de 100 estão desalojadas. As precipitações passaram dos 200 milímetros em alguns municípios e ocorrem no verão, um período de pouca chuva na faixa litorânea do estado.
Daí a pergunta: por que choveu tanto? ✅ Receba no WhatsApp as notícias do g1 PE A explicação está em dois fenômenos climáticos, segundo o meteorologista Romilson Ferreira, da Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac).
Ele disse ao g1 que o temporal é resultado da associação entre a Zona de Convergência Intertropical e o vórtice ciclônico de altos níveis, sistemas meteorológicos que costumam passar pela região nesta época do ano. "O vórtice estava no oceano, se deslocou e favoreceu a entrada da Zona da Convergência Intertropical.
Então, os dois fenômenos ficaram associados.
Em geral, na atmosfera, quando dois fenômenos se associam, eles podem trazer desvantagem para a chuva ou muita chuva, que foi o que aconteceu nos últimos dias", afirmou o especialista. E o que são esses fenômenos? Zona de Convergência Intertropical: faixa de nuvens e ventos que circulam pelo globo e traz chuvas ao Nordeste entre fevereiro e abril.
Normalmente, ela não causa problemas graves, mas quando se combina com outros fatores, pode provocar temporais intensos. Vórtice ciclônico de altos níveis: fenômeno local, mais restrito ao Nordeste, formado por ventos circulares que também influenciam a ocorrência de chuvas fortes. E por que choveu tanto dessa vez? O meteorologista explicou que os dois fenômenos se encontraram e se reforçaram, o que não é comum.
Nuvens carregadas se formaram e causaram a chuva intensa. Os dois fenômenos são formados por nuvens e ventos que seguem numa mesma direção e são comuns no Nordeste.
Ao se encontrarem, eles geraram chuvas fortes nos últimos dias não só em Pernambuco, mas também nos litorais da Paraíba e de Alagoas. "A Zona de Convergência, que é uma convergência de ventos, está mais próxima do solo.
Migra desde o hemisfério norte até o sul e é um fenômeno que circula em todo o globo terrestre.
Os ventos estão mais ou menos no Equador e convergem no sentido do hemisfério norte e do hemisfério sul [...].
A nossa época de chuva devido à Zona de Convergência é agora, em fevereiro, março, abril.
Depois, ela sobe para o hemisfério norte", explicou Romilson Ferreira. Já o vórtice ciclônico, de acordo com o especialista, é um fenômeno local e de menor escala, com circulação mais restrita ao Nordeste. "Existem casos, quando tem secas severas aqui, em que eles também podem estar associados.
A gente já teve uma sequência de anos de seca na região, provavelmente porque a Zona de Convergência não desceu [para o hemisfério sul] e não fez chover, o que acontece muitas vezes porque a gente depende muito da temperatura dos oceanos", disse o especialista. Saiba quem eram as pessoas que morreram em acidentes durante a chuva no Grande Recife Previsão do tempo Segundo o meteorologista, a tendência é que o vórtice ciclônico vá se dissipando a partir desta quinta-feira (6).
Assim, a intensidade das chuvas deve diminuir bastante. "A previsão é de chuva fraca a moderada, principalmente aqui na Região Metropolitana e na Zona da Mata.
[...] Uma chuva fraca e isolada, geralmente na madrugada e nas primeiras horas da manhã.
Hoje (quinta-feira) deve ter um pouco mais de chuva, mas, nos próximos dias, as chuvas devem acontecer mais dentro do padrão normal", informou Romilson Ferreira. De acordo com ele, é esperado que continue chovendo, ainda que de forma menos intensa, por causa da Zona de Convergência Intertropical. Sete mortes Duas pessoas morrem em deslizamento de barreira na Zona Norte do Recife Ao todo, sete pessoas morreram em dois dias de chuva forte no Grande Recife.
A maior parte delas aconteceu na capital pernambucana.
Além de Valdomiro, as vítimas foram: Juan Pablo da Silva Melo, de 21 anos, encontrado submerso numa área alagada na Rua Dom Bosco, no bairro da Boa Vista, no Centro do Recife, com suspeita de choque elétrico. Um homem de nome e idade não informados, encontrado próximo à estação do metrô Santa Luzia, no bairro da Estância, na Zona Oeste do Recife. Outro homem de nome e idade não divulgados, achado na ponte no bairro da Vila da Fábrica, em Camaragibe. Myriam Vitória Amorim da Silva, de 24 anos, vítima de choque elétrico na Avenida Antônio Cabral de Souza, bairro de Nossa Senhora da Conceição, em Paulista. Maria da Conceição Braz de Melo, de 51 anos, e Nikolle Keli Melo de Souza, de 23, mãe e filha que foram atingidas por um deslizamento de barreira na Rua Córrego da Bica, bairro do Passarinho, na Zona Norte do Recife (veja vídeo acima). O que diz a prefeitura do Recife Apesar de cinco pessoas terem morrido no Recife em incidentes relacionados às chuvas, a prefeitura da cidade enviou uma nota em que considera apenas as mortes de Maria da Conceição Braz de Melo e Nikolle Keli Melo de Souza.
Sobre esse caso, a prefeitura do Recife disse que: Desde a madrugada desta quinta (6), equipes da Defesa Civil, Guarda Civil Municipal, Samu e Controle Urbano, atuam no local, além de equipes da assistência social “prestando todo o suporte às famílias afetadas”; Nos últimos quatro anos, a prefeitura do Recife executou nove grandes obras de contenção de encostas no bairro de Passarinho, sendo três no Córrego da Bica; A gestão municipal investiu R$ 14,3 milhões nas obras; 207 obras do Programa Parceria já foram concluídas na localidade, com investimento de R$ 912 mil; A prefeitura investiu cerca de R$ 820 milhões em obras de drenagem e estruturadoras em áreas planas e de encostas do Recife. Números da Defesa Civil No Recife, a Defesa Civil mantém um plantão permanente e pode ser acionada através de uma ligação gratuita pelo telefone 0800.081.3400.
O atendimento é realizado 24 horas por dia.
Confira, a seguir, os números da Defesa Civil dos outros 13 municípios da Região Metropolitana: Abreu e Lima: (81) 97347-2443 Araçoiaba: (81) 3543.8983 Cabo de Santo Agostinho: 0800.281.8531 Camaragibe: (81) 2129.9564, (81) 99945.3015 e 153 Igarassu: (81) 99460-9073 Itamaracá: (81) 3181-2490 e 199 Ipojuca: (81) 99231.8607 (telefone e WhatsApp) Itapissuma: (81) 98844-5216 Jaboatão dos Guararapes: 0800.281.2099 ou (81) 99195.6655 (WhatsApp) Moreno: (81) 98299.0974 e (81) 98128.2018 Olinda: (81) 99266.5307 e 0800.081.0060 Paulista: (81) 99784-0270 e 3371-7992 São Lourenço da Mata: (81) 98338.5407 VÍDEOS: mais vistos de Pernambuco nos últimos 7 dias