Presidente Lula respondeu a imprensa reunida no Palácio do Planalto após evento de lançamento do Plano Safra 2024-2025 para empresários.
Questionado sobre o dólar, Lula diz que não acompanha o tema e que comida vai baratear O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reclamou nesta quarta-feira (3) que, durante o lançamento do Plano Safra 2024-2025 para empresários, a imprensa insistiu em questioná-lo sobre o dólar (veja no vÃdeo acima). Segundo ele, o evento que marca o lançamento do plano mais "importante para a agricultura brasileira", deveria ser o foco, e não algo que ele "não está acompanhando".
"Eu estou aqui lançando o mais importante Plano Safra para a agricultura brasileira, e você me pergunta de uma coisa que eu não estou acompanhando?", respondeu o presidente.
Nos últimos dias, Lula tem sido pressionado após o mercado financeiro apresentar um perÃodo turbulento.
Em entrevistas ao longo da semana, o petista criticou o Banco Central e o titular da autoridade monetária, Roberto Campos Neto, e o mercado reagiu à s falas e à alta do dólar (veja mais abaixo). Nesta quarta, a moeda norte-americana fechou a R$ 5,56 após o presidente afirmar que tem compromisso com a responsabilidade fiscal. O petista então defendeu que "a comida vai ficar barata, e que esse paÃs jamais será irresponsável do ponto de vista fiscal".
"Eu não tenho um dia de experiência, tenho 10 anos de presidência.
O paÃs tem que estar calmo, porque tudo está acontecendo favoravelmente.
Se você tem um desarranjo qualquer, você só tem que consertar", garantiu. LEIA TAMBÉM Juros nos EUA, cenário fiscal e declarações de Lula: veja a cronologia da disparada do dólar Dólar dá trégua e cai quase 2%, com reuniões de Lula e Haddad no foco; Ibovespa sobe Pauta econômica Nesta quarta-feira (3), Lula participou de uma reunião ordinária do Conselho da Federação, órgão criado para reunir governo federal, governadores e representantes de entidades municipalistas. Em um tom parecido com o da declaração desta tarde, o presidente falou sobre a responsabilidade nos gastos do governo. "Toda vez que a gente apresentar uma proposta de polÃtica de maior benefÃcio no municÃpio, é importante que a gente apresente com que dinheiro vai ser financiada essa questão", afirmou. Haddad: Câmbio 'vai se acomodar' e responsabilidade fiscal é 'compromisso de vida' de Lula Reunião com Haddad No inÃcio da manhã, o presidente se reuniu com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, fora da agenda oficial.
Segundo assessores, o encontro foi para discutir a questão fiscal do paÃs. Era esperado que os dois conversassem também, entre outras coisas, sobre a alta do dólar e sobre as crÃticas feitas por Lula ao Banco Central e ao presidente da instituição, Roberto Campos Neto. Após a reunião entre Lula e o ministro da Fazenda, o dólar caiu mais de 2%.
A moeda americana vive semanas de disparada e, nesta terça (2), encerrou o dia cotada a R$ 5,66, depois de bater R$ 5,70 durante a tarde. O presidente Lula durante cerimônia de lançamento do Plano Safra Reprodução/Canal Gov Responsabilidade fiscal e taxa de juros Um dos pontos centrais da responsabilidade fiscal é o equilÃbrio entre a arrecadação e os gastos públicos. A situação das contas públicas é algo que é acompanhado Comitê de PolÃtica Monetária (Copom) do Banco Central, responsável por definir a taxa básica de juros, a Selic. Lula tem resistido ao corte de gastos.
Em entrevista nesta semana, o presidente chegou a dizer que é necessário avaliar "se a saÃda é o corte de gastos ou um aumento na arrecadação". CrÃticas ao BC Ao longo dos últimos dias, o presidente concedeu entrevistas e deu declarações em eventos públicos em que criticou o Banco Central e o presidente da instituição, Roberto Campos Neto. Nesta segunda (1º), por exemplo, Lula afirmou que, quando for escolher o novo presidente do BC, buscará alguém que "olhe para o paÃs do jeito que ele é", e não "do jeito que o sistema financeiro fala". O argumento do presidente é que o BC está mantendo a Selic (taxa básica de juros) em patamares altos — atualmente 10,5% ao ano — sem necessidade.
Segundo ele, isso prejudica o crescimento do paÃs, uma vez que fica mais caro captar dinheiro no sistema financeiro. Por outro lado, o BC diz que o governo não cumpre a contento sua função de controlar os gastos públicos, o que faz persistir o risco de inflação e torna necessário manter juros mais altos Desde 2021, o Banco Central tem autonomia.
Isso significa que Lula não pode tirar Campos Neto do cargo.
O mandato do atual presidente do BC, indicado no governo Jair Bolsonaro (PL), termina em dezembro.
Lula poderá indicar o próximo.