Superintendência de Polícia Científica informou que documento está em fase final de elaboração e que prazo foi estendido para que a equipe possa concluir o trabalho de cruzamento e sincronização dos dados dos vídeos das câmeras de segurança, drones e o scanner 3D.
Rafael dos Santos Tercilio Garcia, torcedor morto em confusão com a PM em SP Reprodução A família de Rafael Garcia, torcedor do São Paulo morto por um disparo de "bean bag" efetuado por um cabo da Polícia Militar em setembro de 2023, aguarda há quase 8 meses por um laudo 3D do Instituto de Criminalística (IC). O Inquérito Policial Militar do caso foi concluído em dezembro, e o PM foi indiciado por homicídio culposo.
A munição "bean bag" é usada pela PM como alternativa às balas de borracha e foi usada para separar um confronto de torcedores.
(leia mais abaixo) A causa da morte de Rafael foi traumatismo craniano.
Uma análise inicial confirmou que ele foi atingido pela "bean bag". Paralelamente ao inquérito Policial Militar, o DHPP (Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa), que também investiga o caso, aguarda um laudo pericial em 3D para concluir o inquérito e encaminhá-lo ao Ministério Público. Segundo documento apresentado pelo advogado da família de Rafael, o delegado Henrique Stangari Angelo, do DHPP, enviou, em 8 de novembro de 2023, um ofício ao Instituto de Criminalística solicitando a “Reprodução Simulada dos Fatos, de forma virtual”. Como não houve resposta, um novo ofício foi encaminhado ao IC em 22 de março dizia: “Encaminhar com urgência o laudo pericial de levantamento de local – 3D”. A resposta foi: “Em razão da alta demanda de levantamentos 3D em nosso setor de desenho, solicita-se prazo de 120 dias”.
O novo prazo vence em pouco mais de duas semanas. Em nota, a Superintendência de Polícia Científica informou que o laudo está em fase final de elaboração.
Segundo o órgão, o prazo foi estendido para que a equipe possa concluir o trabalho de cruzamento e sincronização dos dados dos vídeos das câmeras de segurança, drones e o scanner 3D, completando assim a animação e o detalhamento da dinâmica dos fatos. Assim que finalizado, o laudo será enviado à autoridade policial responsável pelo inquérito, informou o órgão. Cabo indiciado por homicídio culposo O cabo Wesley de Carvalho Dias, indiciado por homicídio culposo, responde em liberdade pela morte do torcedor Rafael dos Santos Tercilio Garcia.
O indiciamento do policial militar ocorreu no final do ano passado com a conclusão do inquérito militar, segundo a pasta da Segurança.
"A Polícia Militar informa que o Inquérito Policial Militar (IPM) relativo ao caso foi concluído em dezembro do 2023 e encaminhado para a Justiça Militar, com o indiciamento do policial por homicídio culposo.
", informa a nota divulgada pela SSP. O IPM foi feito pela Corregedoria da Polícia Militar e foi entregue ao Tribunal de Justiça Militar (TJM), da Justiça militar, que poderá julgar o cabo.
Na Justiça militar, a pena para o mesmo crime vai de 2 anos a 4 anos de prisão.
O advogado João Carlos Campanini, que defende o cabo Wesley, falou ao g1 que discorda da conclusão da Corregedoria da PM, que indiciou seu cliente pela morte do torcedor.
"Discordo dessa opinião pois o homicídio culposo é configurado por atos de negligência, imprudência ou imperícia no uso do armamento ou no procedimento policial, atos que em momento algum o cabo Wesley cometeu", falou Campanini. Polícia Civil também investiga PM PM suspeito de matar são-paulino na final da Copa do Brasil é identificado pela Polícia Além do inquérito militar, Wesley é investigado ainda pela Polícia Civil pela morte de Rafael.
Esse inquérito, porém, não havia sido concluído pelo Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) até a última atualização desta reportagem. "Paralelamente ao IPM, o DHPP aguarda laudos periciais para concluir o inquérito e encaminhá-lo ao Ministério Público", informa outro trecho do comunicado da Secretaria da Segurança Pública. O cabo também poderá ser indiciado por homicídio nesse caso na esfera da Justiça comum.
Falta saber se será homicídio culposo, doloso (intencional) ou dolo eventual (por ter assumido o risco de matar).
Existe ainda a possibilidade de ele não ser incriminado.
A Justiça comum analisa o Inquérito Policial Militar e aguarda a conclusão do inquérito do DHPP para saber se o caso foi mesmo de homicídio culposo ou homicídio doloso.
Na primeira hipótese, ele será devolvido à Justiça militar.
Na segunda possibilidade, o caso seguiria somente na Justiça comum por tratar de crime doloso contra a vida.
A pena para pode ser de 6 anos a 20 anos de prisão. Laudo da Polícia Técnico-Científica concluiu, no entanto, que a causa da morte do são-paulino foi traumatismo craniano causado pela "bean bag" disparada por uma escopeta calibre 12 usada pelo policial militar.
O artefato atingiu a região da nuca de Rafael.
O DHPP ainda apura se o tiro em Rafael foi dado à queima-roupa.
Uma "bean bag" foi encontrada presa à nuca dele.
O artefato chegou a furar o boné que ele usava e penetrou na pele do homem.
Ele tinha 32 anos e possuía deficiência auditiva.
Não era casado e deixa um filho. Trecho descrito pelo relatório Reprodução Protocolos do fabricante da munição e procedimentos de segurança adotados pela própria Polícia Militar proíbem disparos de "bean bags" na cabeça e a menos de seis metros de distância.
A orientação é que os tiros sejam dados nos membros inferiores com o objetivo de interromper alguma ação violenta de um potencial agressor. A PM alegou à época que os agentes revidaram as agressões da torcida, que comemorava o título do São Paulo sobre o Flamengo pela Copa do Brasil.
Foram usadas "bean bags", balas de borracha, bombas de gás e jatos de água para conter atos de vandalismo de parte da torcida.
HOuve revide dos torcedores, que arremessaram garrafas, paus e pedras nos policiais. "Bean bags" ("sacos de feijão", numa tradução literal do inglês para o português) são pequenas esferas de chumbo envoltas por plástico que ficam dentro de sacos de tecido sintético.
A Polícia Militar paulista usa esse tipo de munição desde 2021.
A ideia é de que as "bean bags" substituam gradativamente as balas de borracha.
Além do cabo Wesley, mais dez outros policiais militares (com patentes de soldados, cabos e sargentos) usaram armas que disparam munições menos letais, como as "bean bags".
Todos foram ouvidos pelo DHPP.
Outro PM aponta arma para homem durante a confusão Reprodução Os investigadores também analisam vídeos gravados por câmeras de segurança e testemunhas e ainda ouvem policiais e torcedores para individualizar a conduta de cada policial que participou da ação que terminou com a morte de Rafael. Algumas imagens mostram PMs atirando na direção dos são-paulinos (veja acima).
As cenas não registraram o momento em que a vítima é atingida e morta pelo artefato.
Policiais militares que já foram ouvidos pelo DHPP disseram que o cabo Wesley era o único que estava com a escopeta que dispara "bean bags" nas ruas Jules Rimet com a Sérgio Paulo Freddi, perto do local onde o torcedor foi morto com um disparo na cabeça.
A arma de outro PM, também usada para atirar munição menos letal, teria falhado no momento do disparo.
Fotografia do laudo mostra onde "bean bag" ficou alojada na cabeça de torcedor Rafael Garcia Reprodução Polícia Civil ouve cabo da PM suspeito de atirar 'bean bag' que matou são-paulino; mais dez policiais militares são investigados Após comprar 20 mil 'bean bags' em 2021, PM de SP abre licitação em 2023 para adquirir mais 50 mil; munição matou são-paulino Derrite diz que PM suspeito de matar são-paulino com 'bean bag' será identificado; secretário vai criar grupo para reavaliar uso da munição Vídeos mostram PM suspeito de matar são-paulino na final da Copa do Brasil perto do estádio do Morumbi Polícia Civil confirma que tiro que matou são-paulino na final da Copa do Brasil foi de 'bean bag' disparada pela PM PM de SP compra 270 mil balas de borracha de lotes que falharam em testes; munições serão substituídas por 'bean bags' Junho de 2013, 10 anos depois: PM de SP começa a trocar balas de borracha por 'bean bags' para usar em protestos Un g1 Design